O legado de Péricles

Para muitos o pai da "democracia participativa", por oposição à "democracia limitada" de Clístenes. No discurso transcrito por Tucídides, em homenagem aos soldados mortos na Primeira Guerra do Peloponeso, Péricles terá dito em 430 a.C.:

A nossa constituição não copia as leis dos estados vizinhos. Bem pelo contrário, somos mais um modelo para os outros do que imitadores de costumes alheios. A nossa administração favorece a maioria do povo, e não uma restrita minoria. É por isso que lhe chamamos democracia. Quando temos que recorrer às leis, verificamos que elas conferem a todos o mesmo nível de justiça. [...] A progressão na vida pública depende do mérito e das capacidades de cada um, sem olhar à sua origem social. Do mesmo modo, se um homem possui aptidões para servir o Estado, não é a sua eventual pobreza que o impede de o fazer. [...] A liberdade nas nossas relações privadas não faz de nós cidadãos sem leis. Contra este receio, a respectiva salvaguarda encontra-se na nossa educação, que nos leva a obedecer aos magistrados e ao cumprimento das leis [...].

Os nossos homens públicos, além da actividade política, têm que atender aos seus negócios particulares, enquanto os nossos cidadãos comuns, embora ocupados com os seus ofícios, não deixam de ser atentos juízes dos assuntos públicos. [...] Nós, Atenienses, somos capazes de ajuizar todos os acontecimentos públicos, e, em vez de considerarmos a discussão dos mesmos como um obstáculo para a acção, pensamos que ela constitui um passo prévio indispensável a qualquer acção prudente.
Tucídides, História da Guerra do Peloponeso, Lisboa, Edições Sílabo, 2008 (adaptado).


Trata-se de um texto com quase 2500 anos, que apesar de um pouco datado, pode ajudar a perceber o presente. É que, quer se goste ou não, foram os gregos que inventaram esta coisa da democracia.

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