O valor do "novo" escudo

A análise do banco Nomura para o cenário do colapso do euro é dramática para os paises do sul da Europa, e em especial para a Grécia e Portugal. A depreciação da nova moeda nacional seria da ordem dos 50%, ficando a valer 71 cêntimos (relativamente ao USD). Excluindo a Alemanha, com uma valorização marginal inferior a 1.5%, todos os restantes paises teriam as suas moedas depreciadas, pese embora só os paises do sul a ficarem com valor inferior à paridade. Agora é só esperar.

Estimated depreciation of new European currencies versus the U.S. dollar - Nomura (www.forbes.com).


7 comentários:

  1. a curto prazo seria catastrófico, mas a longo prazo a desvalorização seria positiva. não só pelo facto de conseguirmos pagar as nossas dívidas mas também porque finalmente nos tornaríamos "produtivos" e "competitivos" [detesto estes dois termos]. com o escudo baixo qualquer empresa europeia beneficiaria de se instalar em portugal e de comprar português, no entanto as exportações alemãs que praticamente se resumem à europa, com o valor do marco acima de qualquer outra moeda, morreriam. razão suficiente para a alemanha não deixar o euro acabar [nunca].

    o nosso único prejuizo seria nas importações, mas até isso se pode solucionar, produzindo mais português [produtos alimentares, sobretudo, que facilmente podemos produzir, temos clima para isso].

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  2. a coisa não se passaria dessa forma. pelo menos sem uma desvalorização deslizante que permitisse um ajustamento lento e controlado.
    se o euro desaparecer de uma maneira brusca o descontrole será imediato. a banca/estado não permitirá liquidez durante um tempo indeterminado (levantamentos cancelados) e o preço das coisas subirá em flecha para valores próximos do dobro: e não estou pensar em carros e casas, cujas dívidas (realizadas em euros) duplicarão. estou a pensar nos combustíveis, nos medicamentos, na electricidade, no gás, nos transportes,…em tudo o que não produzidos. e o que não produzimos é quase tudo.
    acredita Clara, a coisa não vai (ou ia, se preferires) ser bonita…

    admito que após um longo período de miséria, naturalmente com forte conflitualidade social, a economia pudesse, em teoria, recuperar. seriam porém sacrificadas uma ou duas gerações: a nossa e a dos miúdos.

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  3. é discutível, como todas as matérias económicas. uma espécie de astrologia sem os mapas com símbolos fofinhos.

    por isso fica a minha questão, neste momento essas duas gerações já não estão a ser sacrificadas?

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  4. amanhã, depois da cimeira merkozy, respondo.
    é uma trick question ;)

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  5. 2/3 das exportações da Europa são para a própria Europa. Alemanha é o maior exportador. Sem euro a Europa deixa de poder comprar Mercedes, BMW e Bosch. Quem decide é a Alemanha. Conclusão: O Euro não acaba, o BCE vai continuar a ser o único Banco Central sem capacidade para imprimir moeda e as coisas basicamente ficaram assim.
    Infelizmente o odioso Sócrates tem razão: as dívidas não são para pagar são para ir pagando.
    O processo que já se arrasta entrará numa nova fase, mas sem mudanças de fundo.
    E o mundo entrará numa depressão global.
    Os abutres da S&P atribuem uma probabilidade de 60% a que a recessão seja profunda, o restante é atribuído a uma recessão leve.
    Vai ficar tudo na mesma, e nem mesmo os mercados bolsistas ajudam a "ver" o futuro.

    O S&P 500 está numa complicadíssimo momento, desceu até aos infernos à 15 dias, esta semana recuperou tudo, o que significa uma valorização de cerca de 10% só numa semana. E ontem iniciou o período correctivo que se esperava. Se desce 50% ou 100% da última subida é normal e saudável, mas a abertura de segunda-feira pode bem ser nova descida aos infernos e esta pode bem ser "A Descida".
    Em 2008 houve pânico. Com esta crise as bolsas descem descem e descem mas paulatinamente, o que é o pior dos cenários, tem de haver pânico e os jornais abrirem com gráficos de aspecto medonho e traders histéricos, para se formar um fundo. Até ai, meus amigos é a descer num arrastar penoso que vai durar uns anitos. Mas o Euro não acaba: isso seria o equivalente à devastação de uma guerra. Mas sem destruição de infra-estruturas.
    Muitos países, incluído o nosso teriam de começar quase tudo de novo no que toca à economia. O fim do mundo chegará e se eu o anunciar todos os dias, arrisco-me a acertar em cheio um destes.O fim do mundo chegará, isso sim, para as vítimas do desemprego e do fim do estado social. Meus amigos estamos em modo de combate, e iremos regressar em determinados aspectos a meados do séc. XX. Duas gerações de retrocesso. Desigualdades gritantes, trabalho e trabalhadores a valerem nada e a tal sardinha novamente para três.
    Daqui a dois anos, por esta altura estaremos todos a ferro e fogo mas com euros na carteira, poucos ou praticamente nada, mas euros. Vai doer e durante algum tempo.
    Merry Crisis para todos. E parabéns pelo blog.

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  6. Bull, bem vindo "à casa". pragmático e "cruel" como exigem os tempos (talvez certeiro!). continuo a achar que o cenário do fim do euro é real.
    volta sempre. obrigado.

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  7. Clara, é verdade. a economia neste momento é quase uma arte adivinhatória. ninguém sabe. ando tudo aos "palpites".

    embora seja verdade que estamos já a sentir a crise, penso que se a coisa correr mal na euro a situação será muito complicada em portugal. mas hoje estou "positivo". não quero pensar nisso!

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