A encruzilhada

Portugal está numa encruzilhada. A estratégia posta em prática para tentar salvar o país da banca rota não está a resultar. Parece hoje evidente que a receita da troika é uma não-solução. A verdade é que não há lugar para mais austeridade, mas também não há espaço para mais cortes na despesa; pelo menos sem desvirtuar os sistemas social e político em que vivemos.

Mas não existem soluções para isto? Existem. Pelos menos duas; ambas más e sem garantias de sucesso. A primeira depende da vontade dos credores em perdoar/restruturar a dívida e do seu co-pagamento pelos países ricos do norte, assumindo-a como um custo político para a manutenção do euro e da Europa tal como a conhecemos hoje. A segunda, que depende principalmente dos portugueses, é a saída controlada (?) do euro, com vista à desvalorização imediata da nova moeda. Em ambas seria fundamental a coragem e a capacidade de persuasão e de influência política do governo.

A primeira não parece no entanto viável perante o estigma alimentado e consentido pelos políticos do norte, relativamente à opinião do seu eleitorado sobre os países do sul. A segunda não tem enquadramento no nosso imaginário; não queremos desistir do “nosso” euro.

O governo parece preferir a negação dos factos, e continuar a fuga em frente com a não-solução. O resultado será porém imprevisível e perigoso.

O novo discurso do FMI apontando a necessidade de "ajustamento" e "calibração" das medidas a cada caso – leia-se a cada país -, pode ser o nosso buraco da agulha. Queira o governo adoptar esta ideia nas negociações internacionais. Ainda assim não será suave, nem indolor.

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